Doces Medievais Tradicionais de Vila Viçosa

Receita criada pelas monjas do antigo Real Convento das Chagas de Cristo, atual Pousada Convento de Vila Viçosa, fundado, em 1514, por D. Jaime, quarto duque de Bragança. Nos ingredientes estão gemas de ovo, açúcar, canela, miolo de amêndoa e peito de coelho desfiado. A estranha utilização de coelho no doce, embora originalmente confecionado com peito de frango, deve-se a um fato curioso. O Palácio Ducal, que tinha constantemente comitivas que se deslocavam à tapada para caçar, oferecia uma grande quantidade de coelhos ao Convento das Chagas, o que proporcionou a invenção deste doce invulgar. A Pousada de Vila Viçosa é a única pousada de Portugal onde se pode encontrar este doce original calipolense.

O doce é feito com gila, amêndoa, ovos, canela e açúcar. É apresentado envolto em papel de seda recortado em forma de renda. As primeiras oito monjas do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, que vieram para o Convento das Chagas, em Vila Viçosa, no início do século XVI, trouxeram consigo o açúcar e a partir desse momento difundiu-se a prática dos doces conventuais, havendo até uma espécie de rivalidade entre os sete conventos femininos de Vila Viçosa. No Alentejo, tiborna significa um pão acabado de sair do forno regado com azeite, mas em Vila Viçosa refere-se a esta receita conventual. Pode encontrar este doce na pastelaria Tiborna em Vila Viçosa.

Receita trazida, no século XVI, de Malaca para Vila Viçosa pelo sétimo vice-rei da índia D. Constantino de Bragança, meio-irmão do duque D. Teodósio. Foi difundida a partir de Vila Viçosa para os restantes conventos locais. É uma receita com uma forte influência oriental devido à utilização da canela. Os seus ingredientes são ovos, açúcar, farinha de trigo, leite e raspas de limão. As monjas clarissas de Vila Viçosa levaram a receita para Elvas, onde houve uma espécie de adaptação do doce que inclui a ameixa e tem uma derivação do nome para sericaia. Pode encontrar este doce no restaurante Paço Ducal em Vila Viçosa.