
Nasci no Algarve em 1986 no seio de uma família de artistas músicos e viajantes românticos. Aos 8 anos de idade já sabia o que queria. O desenho e a pintura, o retrato e o figurativo enchiam os meus horizontes e sonhos de artista. Em 2008 licenciei-me pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, e a vida seguiu um rumo totalmente diferente (não inesperado, poderei dizer).

Comecei uma carreira de modelo a qual ainda perdura nos dias de hoje. A vida agora era diferente, no meio do glamour e da infortúnia de perdermos cedo aqueles que amamos, mais que nunca e, como uma verdadeira herdeira de românticos, eu agia mais pelo sentir do que pelo pensar. E obviamente que esta nova forma de viver transpôr-se-ía para a obra artística. Daquilo que uma vez fora exclusivamente figurativo, passava agora a ser abstraccionismo.

Acasos de tinta derramados sobre papel são sincronizados com o mínimo de ação possível. Manchas de cor, mero fruto de felizes acasos. Como a vida. Só amanhã saberei se resultou. Estas manchas nada anseiam, nada escondem, aparecem diante do mundo com a consistência e liberdade que lhes conseguimos perceber. Perdemo-nos na imaginação de tudo aquilo que foi e poderia ter sido, antes da tinta secar, aceitando o que resistiu e permaneceu – cor e forma – presentes na simplicidade de um primeiro encontro.
