



A ameixa Rainha Cláudia Verde é uma variedade que se presume originária da Grécia antiga e terá sido trazida e plantada em França no século XVI pelo botânico Pierre Belon, em honra de sua rainha Cláudia (1499- 1524), mulher do rei Francisco I, ao que consta grande apreciadora do fruto. Com o passar dos séculos, a ameixa foi-se disseminando pela Europa. As condições únicas de Elvas permitiram o desenvolvimento e reconhecimento do fruto como um produto único e de grande qualidade.
A receita da Ameixa d’Elvas é secular e conventual. Foi com a antiga Fábrica de Frutas Doces, fundada em 1834 por José da Conceição Guerra, Fabrica de fructas em conserva d’assucar e especialmente ameixa Guerra & Irmão, que alcança sucesso, prémios internacionais e prestígio mundial.



The Adventure of the Christmas Pudding ou, em português, A Aventura do Pudim de Natal de Agatha Christie foi publicado pela primeira vez no Reino Unido em 1960. É um livro com seis contos policiais protagonizados por Hercule Poirot e Miss Marple, os dois detetives icónicos de todas as histórias de mistério da reconhecida escritora inglesa. Na primeira história, as deliciosas Ameixas de Elvas são referidas como uma das sobremesas de Natal presentes na consoada na casa da família onde o astuto detetive belga irá jantar. Este exemplar de época pertence ao espólio da Fábrica Museu da Ameixa de Elvas.





As caixas de cartão em que a ameixa era comercializada apresentavam uma beleza e delicadeza extrema, forradas a renda de papel, recortada à mão ou mecanicamente. Estas rendas adornavam e cobriam os frutos.
Também as rendas em papel são uma arte seculare conventual, feitas artesanalmente pelas freirasdos Conventos elvenses de Santa Clara e Domínicas. Depois da industrialização da Ameixa d’Elvas, a arte das rendas foi aproveitada pelos empresários da época para embelezarem as caixas. Os papéis mais variados em termos de motivos, brilhos e cores, eram encomendados à Papelaria Fernandes em Lisboa. Asrendas, transformadas em filigrana policromática ou branca, pressupunham uma enorme destreza, minúcia, firmeza e paciência pelas artesãs que elaboravam esta arte tão magnífica e especial. Cecília Camoesas foi a última mestre desta extraordinária arte em papel.







“Casei-me cedo e fui para a fábrica, mas ganhava-se pouco. De qualquer modo foi lá que aprendi esta arte, lá e com uma freira, a madre Júlia. Já tenho ido a escolas ensinar para ver se alguém se interessa por isto. Mas eles não querem! Dá muito trabalho. É preciso muita paciência. Cá em Elvas só há mais uma ou duas a fazer isto. Eu faço por amor e normalmente só para exposições, porque não gosto muito de vender. Já não servem para as caixas de ameixas, que, entretanto foram substituídas pelas de madeira, mas são peças muito bonitas, até para fazer quadros! Primeiro faz-se
o desenho e cria-se um molde. Em seguida, coze-se o molde a várias folhas, logo 5 ou 6 de uma vez. Depois é um trabalho de paciência: é preciso ter mão na tesoura à medida que se vai recortando. De vez em quando aparecem por aí professoras e até jornalistas para conhecer os meus trabalhos. Eu gostava que esta arte não morresse e até já ofereci várias peças para o Museu.”
Cecília Camoesas (1926 – 1996).



A Fábrica Museu da Ameixa de 1919, conserva um espólio impressionante deste maravilhoso tesouro alentejano de Elvas. Mais do que património nacional, pertence ao mundo. É a partir deste acervo ímpar que é criado o A para a capa da segunda edição da A Magazine.
