
A paixão pelo mar e pelos barcos é um gosto que vem de família. José Bustorff Burnay herdou a alma de marinheiro de seu avô materno, velejador, e do pai, que adquiriu o seu primeiro barco tinha ele 7 anos. E desde então que as férias eram sempre passadas na praia de Troia Rio, praia que aprendeu a adorar. O avô Bustorff tinha um veleiro muito grande, o Calissaya, que vendeu, comprando posteriormente em 1930 um barco em madeira de um estaleiro norueguês. Nessa época, pediu a um dos filhos, na altura com 18 anos, para o ir registar, o que o rapaz fez, dando-lhe o nome de MITRA. O que terá motivado a escolha desse nome é desconhecido, mas deu origem à tradição do nome MITRA nos seguintes barcos da família. Tiggy Ann teve 3 proprietários, todos italianos, José Burnay é o quarto proprietário deste barco, e quando o adquiriu deu-lhe o nome de MITRA IV.


O MITRA IV é um motor-sailor de 1976, modelo Fisher 37, fabricado num dos melhores estaleiros ingleses, o North Shore. Elegante e charmoso, tem como sua principal caraterística o conforto “é o barco mais confortável que existe. São barcos muito especiais, é quase como se fosse um barco de pesca com um mastro. São de facto muito diferentes dos outros.” Segundo José Burnay, experiente e conhecedor do meio, é um barco que não se usa muito em Portugal, facto que nunca compreendeu. “Não será um barco indicado para fazer regatas devido ao seu peso. No entanto, 90% das pessoas que têm barcos à vela em Portugal não fazem regatas, portanto não têm necessidade de um barco rápido.”


Setubal

Troia
Com 12 mts de comprimento, 2 cabines, 2 casas de banho, duche quente e frio, salão para refeições, fogão, frigorífico, geleira e serviços de mesa, o MITRA IV está disponível para passeios nas praias de Setúbal, Troia e Arrábida. Desde o fim de maio até finais de setembro, é possível fazer este programa panorâmico, podendo estender até outubro consoante as solicitações e marcações.




Na travessia, pode observar-se, por exemplo, o Forte de São Filipe, o Palácio da Comenda e, no caso do passeio ser para o lado de Troia Rio, as ruínas romanas, que pertenciam a uma grande cidade onde se fazia pesca à baleia e uma pasta de sardinha, o Garumm, posteriormente colocada em ânforas e enviada para Roma onde era muito apreciada. Para José Burnay, esta praia é uma secreta maravilha, muito bonita, quase vazia, com água limpa e mais quente, ideal para o piquenique na praia ou no barco. Se o passeio for para a Arrábida, poderão almoçar nos melhores restaurantes da zona. No resto do ano, o barco está em Lisboa na Doca da Rocha, onde também faz passeios mais curtos para se poder ver a cidade do rio.


Ruinas romanas



Amante de vela, José Burnay ainda não teve oportunidade de fazer uma grande viagem no seu MITRA IV. Será com certeza durante o inverno. E um dia, quem sabe, talvez empreenda numa viagem de um ano. Dos seus três filhos, o mais velho, o Zé, também se rendeu à vida no mar, e hoje trabalha como marinheiro num veleiro turístico de grandes dimensões. Passa o verão em Malta e o nosso inverno nas Caraíbas.
