Por Alberto Miranda
O Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, acolhe a exposição Primeira Pedra. São mais de 70 obras produzidas em pedra portuguesa, de 36 autores, entre arquitetos, designers e artistas, de 14 nacionalidades diferentes. Guta Moura Guedes é a curadora desta mostra.

Conversadeira é um duplo banco em mármore rosa com veios verdes, da autoria de Eduardo Souto de Moura
Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, Julião Sarmento ou Vhils, Ai Weiwei e Philippe Starck são alguns dos nomes mais conhecidos que estão presentes nesta exposição, que reúne trabalhos, de 2016 a 2022, com a pedra portuguesa como elemento comum. São mais de 70 obras que estão a encantar todos os visitantes que diariamente chegam ao Museu dos Coches para ver a evolução deste meio de transporte durante a monarquia e são surpreendidos com estas esculturas, muitas delas em grande formato, que exploram os vários tipos de pedra da paisagem geológica nacional.

This Dance ain’t for everybody, only the sexy people (Dance Floor) é um trabalho de Frith Kerr
No meio dos coches, berlindas, seges, landaus e liteiras, turistas e visitantes (cujo número já ultrapassou os 100 mil desde a inauguração desta mostra, em junho passado) são surpreendidos com criações contemporâneas de artistas de renome.

O inglês Peter Saville assina a escultura In Memoriam II em mármore ruivina escuro
A junção do passado e do presente é intencional, permitindo um diálogo entre diferentes épocas e nos espaços exteriores também há criações para admirar. A colocação das peças não foi aleatória, onde havia espaços vagos. Nada disso! A narrativa de Primeira Pedra foi mesmo pensada tendo em consideração os detalhes arquitetónicos do edifício e a história dos veículos, potenciando não só um redescobrimento da coleção permanente, a maior do Mundo, de incalculável valor, mas também permitindo novas formas de ver e usar o espaço do museu.

Petra é uma escultura tridimensional de Vhils, com mármores branco de Estremoz, azul Lagoa e ruivina claro e escuro
Os visitantes relacionam-se diretamente com as peças, podendo tocar-lhes, sentir superfícies e texturas e há mesmo uma obra de Frith Kerr, em que todos são convidados a passear, a pisar a peça e até a dançar sobre ela.Esta exposição nasceu de um convite feito à experimentadesign pela Assimagra, Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins, em 2015, com o objetivo de inovar e explorar o potencial deste setor, dando-lhe mais visibilidade e valorização. As peças concebidas por artistas de méritos firmados são um outro contributo para a internacionalização da pedra portuguesa, com vantagens acrescidas para a economia nacional. Estiveram envolvidas 28 empresas nacionais extratoras e produtoras e nas 74 obras apresentadas foram usados 38 tipos de pedra portuguesa, entre ardósias, calcários, granitos, mármores e xisto.
Fotos: Direitos Reservados