A enorme quantidade de resíduos têxteis produzidos diariamente, é o problema socio-ambiental que esteve na origem do TEX REX. Tornou-se urgente minimizar as consequências do consumo exacerbado e a Ana Baleia, que já trabalhou em empresas de produção massiva e conviveu de perto com esta realidade, tem vindo há vários anos a desenvolver projectos dedicados ao upcycling, procurando agir localmente e contribuir para uma economia circular na área dos têxteis
TEX REX é um processo criativo que parte da ideia de destruir as peças de vestuário antes de as reutilizar, transformando-as numa nova matéria-prima, mais versátil e apelativa, com possibilidade de aplicação prática, não só em peças artísticas, mas também de design, arquitectura, moda e outras. Foram várias as entidades que já colaboraram neste processo, estabeleceram-se relações com parceiros, foram desenvolvidos testes utilizando diversas técnicas, como a mistura com colas e resinas, o uso combinado com redes metálicas e outros materiais, o recurso a moldes, vários tipos de costuras, realização de bordados, e outros processos que ligam os métodos tradicionais à tecnologia. O objectivo desta mostra é, não só revelar o que já foi feito, mas também encontrar novos caminhos e futuros parceiros.
Ana Baleia tem procurado respostas para a grande quantidade de lixo têxtil produzido diariamente. Com este projeto pretende encontrar novas formas de reutilizar a roupa usada e, partindo da trituração destas peças de roupa, transformá-las num novo material: o TEX REX.
Utilizando este processo, procura dar seguimento a uma tradição artesanal do Alentejo (o aproveitamento de trapos) e adaptá-la aos nossos dias, gastando uma maior quantidade de roupa para assim responder a um problema da atualidade: o excesso de roupa deitada ao lixo. Este é o ponto de partida para uma exploração de possibilidades, testando a combinação de têxteis com outros materiais, usando tecnologia e diferentes técnicas manuais, criando colaborações e parcerias.
Ana Baleia, nasceu em 1979, em Cascais, Portugal. Licenciada em Design de Moda, pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa, em 2002. No mesmo ano foi vencedora do concurso Jovens Criadores e representou Portugal na Bienal, em Atenas. Em Lisboa trabalhou com o criador Dino Alves e foi designer da marca Sacoor Brothers, acompanhando a produção em Portugal e na Índia. Viveu depois um período em Cabo Verde, onde foi designer de uma marca local: a Soulbrother.
Está desde 2008 a viver no Alentejo, em São Luís, onde tem ateliê e desenvolve vários projetos, com destaque para: NeckDress (com participação em iniciativas da Fundação de Serralves e do MoMA); What a Waste (parceria com a Burel Factory); Escalabardo (colaboração com a Junta de Freguesia de São Luís e apoio do Fundo Ambiental), Tecidos de Portugal (à venda nas lojas A Vida Portuguesa); Figure Out – Personagens da Literatura (esculturas têxteis); entre outros. É figurinista, colabora em criações de teatro, dança, performance, ópera etc, em produções do Teatro Só, da Lavrar o Mar, da EsTe – Estação Teatral, do Chapitô, entre outros. Pontualmente realiza outros trabalhos de design, instalação e artes visuais, usando sempre os têxteis como material de eleição. O foco no aproveitamento de têxteis usados tem sido uma constante no seu trabalho. É co-fundadora da Associação Cultural e Artística Ateneu do Catorze.
Fonte texto: Ana Baleia e Artéria Lab
